27.11.08

CINZA ALADA

Por um frame percebi a cinza no algodão branco da blusa porém exautei em não movimentar nenhuma ligação corporal p/ tal atividade, tendo assim deixado que a possibilidade de em mais um momento ficar assim, o fato me convém.
A quem deixo memórias?
Será a mim mesmo?
EU E EU incluído em listas numéricas banais, nós, os demais que na plenitude sacramentada da colheita cotidiana vivem para dentro, não estão, assim estão para dentro, interiorizados ao trabalho melancólico da vida.
Momentos delatados sobre nossas condições, deixados aqui pelo destino à mim, transmitindo agora ao universo e durante todo o momento até o cigarro acabar, é quando a cinza ao cinzeiro retornará mudando simultaneamente a freqüência entre tudo, entre corredores comuns, salas apertadas e galpões multinacionais, mudando tudo, tudo mudando tudo entre tudo e todos, aqui ou lá, se vai estar não sei, sei que sei mais sempre duvido, a certeza certamente certa é que aqui estamos, EU E EU, não esquecendo de você que já faz parte de mim, mesmo que sem querer ou querendo de outro jeito permanece o elo extraordinário que se uni dentro ou fora de casa, longe ou perto da conversa sim ou não falada, dialogo em mente ressuscitado de lembranças amigáveis, aconteceu a pouco, a cinza voou p/ seu lar partindo do cinzeiro, unificando e quebrando as pernas de nossas severas independências, escrachando em voz alta através do alcatrão que precisamos sim uns dos outros.